I
Tudo seguia
tranquilo
muito tranquilo
o murmúrio lá fora
dizia
que tudo seguia
bastante tranquilo
então fiquei calmo
e sereno
qual superfície de
um rio bem tranquilo
ou feito a pessoa
sentada sem pressa
à margem do curso
de um rio bem tranquilo
ouvindo somente o
murmúrio dizendo
que tudo seguia
bastante tranquilo
e aquilo era fácil
de se constatar
no espelho sereno
das águas do rio
seria impreciso ou
sem força dizer:
não sei quanto
tempo essa calma durou?
É que de repente –
que coisa espreitava
do espelho sereno
das águas do rio? –
uma voz lá de
dentro chamou por meu nome:
um nome que eu nunca
cheguei a ouvir
um nome que eu não
sei nem pronunciar
um nome que eu não
imaginava existir
era o meu nome que
vinha de dentro
do espelho sereno
das águas do rio
Não mais o
murmúrio,
apenas um grito
contínuo
vibrando
vibrando –
as coisas tremendo
o grito ecoando
feito uma faca:
era o meu nome
II
Ninguém escolhe o
nome que tem, mas é nele que pensam quando lembram de alguém.
III
Tomara que os nomes
sempre nos lembrem do que é feita sua matéria: violência.
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