segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Eu estava subindo uma montanha até que encontrei uma pedra razoavelmente grande, mais ou menos do meu tamanho. Mas ela era tão macia que esqueci do caminho, fiquei lá abraçado com ela. Ela não falava muito e quando falava era sobre comunhão etc, então mostrei pra ela constelações que tinha decorado e riscamos na areia alguns conceitos de geometria euclidiana. Estávamos no meio da mata, dissolutos, sob a orquestra dos seres da noite, quando adormecemos.
Sonhei que estava trancado no banheiro e a privada era um caldeirão de onde saía uma fumaça inodora; ao meu lado, um cheff sem parte da cabeça, que aparentemente havia sido mordida por algum ser de boca enorme, me ensinava a receita da luta propriamente dita. Ele me dizia, com sotaque espanhol: cultivar o deserto como um pomar às avessas.
Despertei imóvel e macio. Tentei olhar pra noite, mas era uma noite sem céu. Aos poucos fui constatando que eu estava dentro da pedra. Não tardei a perceber que era só pensar em nada que eu conseguia ver lá fora. Logo amanheceu. Ao longe senti o chão ser pisado por um ser razoavelmente grande, que mal se aproximou já começou a me abraçar.

Mariana - MG, julho de 2016

Nenhum comentário:

Postar um comentário